sábado, 3 de março de 2007

O Tempo






sob os meus dedos um sinal de fogo

a labareda que consome a tarde

a geada que se espalha nos cabelos

e como um lenho velho o tempo arde



posso escrever a monografia lenta

do vento nos gemidos de um moinho

a esmagar a semente do tédio

devagar segregando mistérios


posso evocar o riso adolescente

soltar as tranças do primeiro beijo

tecer grinaldas de leves açucenas

deixar que as pálperas se fechem

sob o sol dourado do desejo


posso pintar o céu de alazões rubros

despertar vendavais nos nossos dias

posso inventar a síntese do ciúme

a raiz quadrada da inquietude

o almiscarado desejo do teu corpo


lavrar o incêndio último dos corpos

e depois deixar que a neve cubra tudo

do mais branco silêncio


Palavras de M.A./Ordenamento de H.M. 2007/03

3 comentários:

A Voz do Fado disse...

um team constituido - uma aposta em marcha

Anónimo disse...

Amiga Maria Alfacinha, o seu nome é sugestivo.Li com atenção todos os seus trabalhos e confesso, tenho lido muitos, mas como estes, são poucos. Só lhe peço que continue. Eu gosto!
Beijos

A Voz do Fado disse...

O Poeta é um criador de beleza em forma de Palavras e eu amo demais um Poema que nos possa transmitir tudo o que pensamos e ainda não o tinhamos lido!!!
Boa Semana!

M.A.