quarta-feira, 4 de abril de 2007

Maria Clara uma intérprete tambem do Fado !


Maria da Conceição Ferreira Machado Vaz, filha de Guilherme Ferreira e de Sorgue Caetano Ferreira, nasceu a 5 de Outubro de 1923, na Travessa das Almas, freguesia da Lapa, em Lisboa, onde viveu a sua infância e adolescência. Em 1942, com 19 anos, já abrilhantava uma peça em cena no Grupo Dramático "Os Combatentes" de Campo de Ourique - onde era já famosa no ping-pong - deitando a casa abaixo com palmas sempre que interpretava as “suas” bonitas canções com uma voz da mais pura e cristalina água, por vezes a roçar o canto lírico.Pouco tempo depois, num concurso organizado pel´O Século, descobria-se que "Nasceu uma estrêla!" título d´O Século Ilustrado de 18 de Janeiro de 1943, a propósito do êxito sem precedentes alcançado pela jovem cantadeira na opereta "A Costureirinha da Sé", estreada no Porto em 8 desse mês e onde contracenava com António Vilar, Costinha e Luísa Durão, tendo estes últimos de lhe dar um empurrãozinho para ela conseguir entrar em cena...Foi durante as sessões dessa opereta que Júlio Machado de Sousa Vaz, neto de Bernardino Machado e, na altura, quase professor catedrático, a conheceu e dela não mais se separou até que a morte o levou em 1999, com 90 anos.Embora o romance não tivesse sido muito fácil, pois, de início, Maria Clara respondia com bastante parcimónia aos convites do jovem professor universitário, casaram ainda esse ano, indo viver para a Rua Anselmo Braamcamp e, depois, para a Rua do Bolhão, no Porto, perto do famoso Mercado onde todas as vendedeiras sempre a trataram carinhosamente por Clarinha.A 16 de Outubro de 1949, com 26 anos, foi a feliz mamã de um menino sensível e terno, que aos 10 ou 11 anos, muitas vezes a acompanhava aos espectáculos, escutando-a, embevecido, atrás dos bastidores. Que sempre foi ela a sua melhor amiga e conselheira até que a doença no-la roubou a todos, nunca fez segredo o seu filho Júlio Machado Vaz.Maria Clara, além de ter actuado em numerosos espectáculos na rádio, em revistas e no teatro, gravou centenas de canções de variadíssimos géneros, entre fados, canções ligeiras, marchas, etc., entrando no coração de todos os que tiveram a felicidade de a escutar. Foi uma das “Rainhas da Rádio”.Do seu vasto reportório podemos destacar títulos como "Figueira da Foz", "Maria Severa", "Marcha do Outono", "Ó Zé Aperta o Laço", "Amor, Não Digas Não", "De Cá Para Lá", "Alfazema do Monte", "A Casa de Santo António", "Barca do Lago", "As Pedras Que Tu Pisas" ou “Canção de Tavira”.No entanto, quando concorreu à Emissora Nacional, foi reprovada, talvez devido às ideias progressistas de seu marido, o qual tinha sempre o cuidado de a prevenir para não apertar a mão a certa gente...Infelizmente, Maria Clara não saberá nunca desta pequena homenagem. Aquando do falecimento do seu marido, querendo segui-lo e simultaneamente não deixar o seu filho e netos, o seu espírito partiu com o Dr. Júlio Vaz e deixou para trás o seu corpo entre o carinho dos seus.


Parabéns, Maria Clara.

Marcha do Outono(António Melo/Silva Tavares)

3 comentários:

Eu sou Fado disse...

Bom dia;
Realmente foi uma grande homenagem, esta feita a Maria Clara. Mais deveriam ser feitas!
Parabéns pela ideia!
Bjo.

Fadista disse...

Bonita homenagem a esta grande Senhora da Canção! Mais um Nome esquecido pela ignorância nacional que lidera a Informação...
Parabéns!

LM disse...

Enquanto a minha memória perdurar, nunca esquecerei a voz de Maria Clara (Machado Vaz) e o seu rosto delicado e terno. Infelizmente possuo apenas um CD mas representativo da artista e mãe do estimado e admirado (Dr.) Júlio Machado Vaz que praticamente todos os dias nos visita. Ela faz parte da História maravilhosa da música portuguesa.
Que essa voz seja mais vezes ouvida na rádio.
Obrigado MARIA CLARA. Luís Menezes